“Gente eu vou falar no grupo pois eu não tenho como dar essa notícia tão dolorida, meu Samuelzinho acabou de falecer…”
A mensagem em áudio com voz embargada era de uma mulher num grupo de whatsaap com mais de 500 integrantes. Olhei o nome, a foto e não reconheci. Em instantes chegaram mensagens de pêsames, a foto do menino com uns 3 ou 4 anos, e em breve a tragédia estava revelada: um acidente na piscina na casa da avó. O relato desesperado era da própria avó.
Quem escreveria roteiro tão cruel ?
Maior do que a dor, me tocou a forma como essa mulher comunicou o ocorrido: um aplicativo.
Falando para muitos que talvez não a conhecessem e nunca tivessem visto Samuelzinho, fiquei com o sentimento de que não tinha alguém para segurar a mão, abraçar, chorar, até ficar exausta e sem voz. Ou lhe bastaria saber que tantos estariam se solidarizando com o seu sofrimento, mesmo que nunca a tivessem visto, o que era o meu caso.
O tamanho dessa solidão me levou a refletir quando as pessoas deixaram de ter amigos fora das telas do celular.
Na sequencia das mensagens de dor e pêsames que corriam na tela, se intercalavam os assuntos corriqueiros do grupo, conserto de fogão, venda de pão, horário da balsa, telefone de alguém… E para muitos a vida segue, como uma mensagem a mais no whatsaap, páginas viradas e qualquer assunto é só para passar o tempo.
Samuelzinho descanse em paz.