Antes de desligar o abajur coloquei o livro na mesa de cabeceira e a luz amarelada, única no quarto, deu destaque às minhas mãos revelando manchinhas e rugas. Passei alguns minutos olhando para as mãos estendidas no ar e pensando sobre elas… Lembrei do monólogo escrito por Ghiaroni imortalizado por Procópio Ferreira, repetido e aplaudido por Bibi Ferreira, que começava “Para que servem as mãos?”
Não estou agora me importando prá que elas servem, mas a razão por ter dormido com este sentimento das mãos estendidas ao alto e a lembrança voltar ao ler no FB sobre um fotografo que passou 36 anos fotografando 4 irmãs para mostrar como o tempo age … Fui no site que tem as fotos muito lindas… Um profissional sensível, o tempo passou para estas irmãs, fico aqui a imaginar as historias e os encontros para estes links e viajo num filme, num livro… Parecem felizes e dignas com os anos passados…
Quem procura defeitos, problemas, acaba encontrando… Estou começando a desacelerar o olhar para tudo isso… Vou procurar uma outra forma de pensar nas quantas coisas boas as minhas mãos fizeram em minha vida e menos na forma… Vou para o conteúdo de quantas mãos apertei, quantas pessoas conheci, quanto escrevi, quantos acenos, quantos aplausos… Elas estão ágeis, é a glória ! E esta noite quando for desligar o abajur, vou dar mais uma olhada nas manchinhas e ruguinhas com enorme gratidão…Elas contam a minha trajetória…
Que lindo!!!!
Beijos na palma da sua mão!
lea, manchas e rugas ñas mãos – o testemunho de uma vida bonita como as linhas de uma vida longa, sem rugas na alma. beijos.
Arrasou! Também olho muito para as minhas mãos e lembro quando constatava que eram grandes. Hoje acho-as, como você, manchadas e enrugadinhas. Mas tudo bem, com elas ainda faço muitas coisas, e o melhor, acaricio meus netinhos queridos, seguro nas mãozinhas para atravessarmos as ruas…. e por aí vai. Mas aqui vai minha solidariedade, inclusive nos agradecimentos a Deus. Beijos
Palmas!!!!!!!
Parabéns! Que belo momento.
Gostei de ver vc falando do Ghiaroni, queria saber dele…Mesmo se já tiver ido embora, queria saber quando. Ele foi o autor da primeira novela em que trabalhei: “O doce mundo de Ghida”, na TV Tupi do Rio, 1968. Ao contrário dos dias de hoje, onde essa coisa de ser celebridade, a cada dia afasta mais as pessoas de tudo, eu chegava antes das sete da manhã na televisão pra gravar e ficava na sala do Vianinha (Oduvaldo Viana Filho), vendo-o bater máquina e conversando comigo, maquiava e esperava a hora de gravar e o Ghiaroni estava diariamente presente, devia ter uns quase 60 anos no época. Quanta gente é história hoje e que em épocas tão diferentes das de hoje, eram as pessoas que esbarrávamos a toda hora pelos corredores das tvs e dos teatros, nos restaurantes, nas ruas…
Eu também, às vezes me pego a olhar as manchinhas das minhas mãos e elas são como estrelinhas a iluminar o passado tão descomplicado diante desses dias de hoje…
Lea de Deus!!!!!!!!
Voce com mais um texto maravilhoso, contando a sua vida, seus pensamentos!
Adorei a passagem “Estou começando a desacelerar o olhar para tudo isso… ”
A maneira como escreveu tem um tom de ternura….
Ano que vem, cruzeiro 2012, vou estar presente e gostaria muito de te abracar e voce me contar uma historinha ao vivo….qualquer coisa….vamos ver se serah possivel!
Parabens, acredite que fiquei olhando para o computador, olhando o seu texto e tenho lagrimas nos olhos…de emocao!
Vamos em frente!!!! Textos maravilhosos!!
Você é pura emoção, vinda de muito amor no coração.
Bom que, divide esse amor com tantos.
Vou te contar um segredo:As minhas nunca foram lindas.