Jornalista cadeirante

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Foto : Cláudia Schembri

No auditório das coletivas de imprensa da seleção alemã em Vila de Santo André os jornalistas vão chegando e me deparo com um que é cadeirante.  Florian Hebbel tem 27 anos e se apresenta em um bom português como “o jornalista cadeirante”. Estas são algumas das palavras que aprendeu nesta primeira viagem ao Brasil. Ele é de Kiel, uma cidade no norte da Alemanha, distante 100km de Hamburgo. Aos 15 anos,depois de um acidente, foi parar numa cadeira de rodas e nestes anos a vida seguiu com louvor. Há cinco meses formou-se em psicologia e há dois casou com Aline. Escreve para a revista Barrierefrei publicação voltada para pessoas com necessidades especiais e se tornou o primeiro jornalista com deficiência entre os credenciados oficialmente para a Copa do Mundo. Conta que conseguiu a credencial pois a DFB e as associações de esportes em seu país acreditam que as suas reportagens são importantes como incentivo a outros na mesma situação.

Florian aprovou os aeroportos de São Paulo, Salvador, Porto Seguro, Fortaleza, Natal por onde passou. Segundo ele “onde há dinheiro há boas condições para pessoas com necessidades especiais”. Foi assistir ao jogo em Salvador, recebeu ingresso para a área dos jornalistas e sentiu-se muito bem tratado. “Eram três pessoas para cuidar de mim!” comenta entusiasmado. Mas não pode dizer o mesmo da arena em Fortaleza. Apesar do acesso perfeito, ficou na área para cadeirantes e se surpreendeu com “falsos” deficientes. “Alguns se levantaram das suas cadeiras para tirar fotos, outros foram ao banheiro andando”.

Ele viaja com um acompanhante e conta que não teria condição de fazer esta viagem sozinho pois ainda são muitas as dificuldades. Está hospedado num hotel em Porto Seguro, não tomou banho de mar pois é impossível o acesso à praia, na próxima semana viaja ao Rio e está feliz em conhecer a cidade… Florian está fazendo a cobertura da seleção alemã na Copa do Mundo com suporte da DFB e patrocínio de diversos amigos e empresas que preferem não aparecer, mas que sabem que este exemplo pode fazer a diferença na vida de muitos…

Quanto à coletiva em que o goleiro Manoel Neur e o meia André Schürlle eram as estrelas, a mídia esportiva vai escrever muito melhor do que eu…Florian foi o meu aprendizado de hoje.

 

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Uma resposta para “Jornalista cadeirante

  1. Que exemplo. Mesmo com as dificuldades um profissional de primeira.

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