Perdi a conta de quantas vezes mudei de casa… Há alguns anos fiz uma conta e cheguei a 26 endereços em 23 anos. Pode parecer inacreditável, mas eu não gosto de mudar. A vida é que me pede e não sou de dizer não aos seus apelos. Exceto temporadas em São Paulo e uma curta no Rio, nos últimos 10 anos fixei raízes na minha Santo André da Bahia. Hoje fiz uma mudança de guarda roupa e encontrei no fundo de uma gaveta um lencinho com rendinha, tecido delicado e meu nome bordado entre pequenas flores. Presente da minha mãe. Por certo ela acreditava que minhas lágrimas seriam poucas e um pequeno lenço fosse suficiente para secá-las… E como ela me conhecia ! Estava certíssima ! Chorei muito mais de rir do que de tristeza ao ponto do tecido cor de rosa amarelar na gaveta. E quando chorei para valer, esqueci do lencinho e mergulhei lágrimas e nariz escorrendo em lenços de papel que retirava de sacos plásticos ou pequenas caixas. Creio que nem existem mais lencinhos de tecido o que deixou a poesia de lado. Não se acena mais na hora da partida e nem se encontra mais no mercado cavalheiros que tiram um lenço do bolso para oferecer a uma dama… Na verdade são mais raros cavalheiros e damas, a vida nem dá tempo e podemos nos considerar bem feliz com uma curtida num post… E pra ser ainda mais sincera, nestes novos tempos os lenços são os que menos me fazem falta. Quem o escolheu, mandou bordar meu nome, embrulhou no capricho e presenteou é que me entristece a ausência.
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Comentários
Frutuoso Silva Galvã… em Domingos lpenteado em Parabéns Leny Andrade Marilia Barbosa Nune… em Parabéns Leny Andrade Nadya Milano em Autumn leaves, fora do te… Sheyla Souza Costa em Opinião 1964
Parabéns Léa, lindo e emocionante texto. Orgulho imenso da minha amiga, principalmente pela sensibilidade em expressar sentimentos cotidianos que se perdem na correria do dia a dia.
Um grande beijo querida!