Assistindo uma parte do ensaio do show Emoções Sertanejas na última terça-feira, observava cada um dos artistas no palco quando me deparei com uma “senhorinha” vestindo camiseta vermelha, os ombros um pouco arqueados, sem maquiagem ou glamour, e por eliminação, só podia ser a cantora Nalva Aguiar. Lembro do seu nome, o título de Rainha dos Caminhoneiros, mas não consegui cantarolar nenhum de seus sucessos… Ontem, assistindo ao show, quando foi anunciado o seu nome, quem entrou no palco era uma outra pessoa. Magrinha corpo ereto muito bem equilibrado no salto alto, calça justa, colete, chapéu de cowboy e lenço vermelho na mão, era a cantora Nalva Aguiar em sua verdadeira essência. Como no programa de televisão “extreme make over” ela sofreu uma transformação total. Os seus 65 anos de idade não pesavam em suas costas, era um misto de garota da Jovem Guarda com a arrebatadora cantora das festas de peão.
Fiquei ouvindo a sua interpretação segura em “As curvas da estrada de Santos”, um jeito de quem tem intimidade com palco e microfone, e nada parecia com a “senhorinha” tímida da noite anterior. No jargão do futebol “treino é treino, jogo é jogo”, mas no showbussiness mesmo no “treino” estão em clima de jogo… Ainda mais quando estão reunidos num palco 18 dos maiores nomes da música sertaneja para homenagear Roberto Carlos.
Penso na importância de cada um conhecer a sua essência e sua identidade. A Nalva sabe que é cantando no palco que ela se realiza… E às vezes as realizações estão em gestos simples. Uma outra Nalva, que serve café e cuida do nosso escritório, é imensamente feliz com seu trabalho. É detalhista na limpeza, diz que o café que faz é o melhor do mundo, e veste o uniforme preto com muita dignidade. Está sempre de bom humor e é nesse “palco” que está a sua essência.
Vivo em “palcos” distintos, em dois mundos diferentes. De um lado a minha casa no sul da Bahia, num povoado com menos de 800 habitantes, sem saneamento básico, ruas de terra batida, em uma área de preservação ambiental. Do outro, em São Paulo, a maior cidade do Brasil, das Américas e do hemisfério Sul; a 14ª. cidade mais globalizada do planeta e a mais rica da América do Sul. Em qualquer lugar a essência é a mesma… Guardada as devidas proporções faço a mesma função : abro portas, junto pontas, junto pessoas, promovo, crio, escrevo, contemplo, percebo e sou feliz. Com toda essência e identidade que me é própria.
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Comentários
Luciene Setta em O REI E EU Paloma Piragibe em Inspirações e referências Analu Neves em Que mulher é essa ? Angela Ghizi Guimarã… em Que mulher é essa ? Marilia Barbosa Nune… em Que mulher é essa ?
Exato! a sua essencia atrai e aglutina ao seu redor pessoas as mais díspares e heterogeneas.
Ao longo de tantos anos, sua essencia se depurando, se cristalizando, cada vez mais com um buque especial, tal como um vinho da mais alta cepa.
Salute!
Querida Léa,
segue um abraço da sua (dupla) companheira:
de povoado (acho que hoje você está em Santo André)
e de metrópole (agora estou em sampa).
Nos vemos na Bahia, para compartilharmos outros vôos.
Léa, tenho acompanhado seus textos, mais devo confessar pela primeira vez chorei ao ler, sou amigo da Nalvinha e sei da luta e da história dessa estrela guerreira, que muito contribuiu para nossa música, Nalva é a eterna Rainha da música sertaneja!!
Sou filho dessa, como posso chamar, “monstra” da música mundial.
Não existe cantora como ela hoje, no universo, e não é porque sou filho.
A voz dela não existe, não tem igual. Quem sabe uma de minhas filhas siga a mesma carreira (ainda bem que fiz logo 4 pra ter certeza que uma pelo menos seja cantora!)