A cada dia consolido mais o pensamento de que pouco esforço é que faz a grande mudança. Não falo em vagabundagem, mas em deixar correr um pouco solto, dominar menos a vida e dar chance ao acaso. Entra as coisas que aprendi morando no sul da Bahia, todas relevantes, como a pílula para matar formigas, as luas e as marés, a praga do pardal e do “escargot”, o fogo rápido da resina da Almescla, a chegada do vento sudoeste, a saúva que explode a bundinha, a preferida no momento é sobre a profusão de moscas na Quaresma… A “lenda” faz sentido, pois neste período se come mais peixe e, por conseqüência, estes horríveis seres voadores fazem a festa… Com a raquete que eletrocuta insetos saí armada para afastar esta peste da mesa de refeições. Comecei fazendo um trabalho hercúleo, parecia a Maria Esther Bueno em sua fase áurea… Para melhor compreensão, correlacionando com os novos tempos, quase que uma Martina Navratilova. Movimentos firmes e audazes, suor brotando na testa, um mau humor solene e nenhuma mosca fritando na minha rede. Diante do ridículo, resolvi acreditar na lei do pouco esforço e grande carga na intenção. Calada, quase flutuando com a raquetinha na mão, assim me aproximava das moscas que não resistiam ao meu estado zen e fui incinerando uma a uma. Algumas pipocavam e explodiam no chão, outras tostavam nas garras… Parece loucura, mas este é o exemplo real de uma nova forma de encarar a vida. O que os monges tibetanos, budistas e todos os que estudam no silencio da mente falam, é exatamente por aí. Um exercício diário de menos controle, mais leveza para quem foi um trator a vida inteira….É obvio que quando necessário saio atropelando, tenho uma agenda a cumprir, pagar as contas no dia certo e trabalhos a entregar com prazo. Se disser que busco o equilíbrio seria usar o chavão impróprio para quem conviveu controlando tudo nos últimos 40 anos. Mas quando se consegue matar moscas na paz, ver a lua crescente se transformando em cheia, ouvir um sabiá cantando sozinho num galho, identificar um cardume de tainhas dançando na subida do rio, é um passo para deixar a vida mais suave…
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Comentários
Luciene Setta em O REI E EU Paloma Piragibe em Inspirações e referências Analu Neves em Que mulher é essa ? Angela Ghizi Guimarã… em Que mulher é essa ? Marilia Barbosa Nune… em Que mulher é essa ?
Léa querida!!!
Acabei de chegar da rua e me deparo com seu texto como sempre bacana vou dormir mais leve adorei!!!
Beijo carinhoso
do seu eterno fã
Ah Léa, como me identifico com esses seus pensamentos… e a raquete de matar mosquito é um dos meus instrumentos domésticos prediletos, rsrsrs
Um abraço, companheira!
olimpia