Cada vez que volto a Minas Gerais, intuitivamente procuro minhas raízes. Nasci mineira por acaso. Mas acredito que o acaso não existe e saio em busca de referencias, algo que me faça lembrar um primeiro ano de vida. Quem sabe um perfume ou um tempero saindo de uma panela fumegante num fogão de lenha me levem ao passado e me tragam alguma revelação… De todas estas viagens, ontem encontrei algo mais próximo. Não nas lembranças de infância, mas no que ouvi na maturidade. Visitando Ouro Preto, em dia de céu azul e um vento frio, em frente ao pátio da Igreja de São Francisco, olhando as casinhas nas ruas estreitas cobertas por paralelepípedos subindo e descendo ladeiras, por alguns momentos imaginei como seria alcançar aquele lugar há mais de 300 anos.
Era algum dia entre 1693 e 1698 quando um bandeirante de uma expedição comandada por Duarte Lopes lá chegou, encontrou uma pepita de ouro e tudo começou… Como desde criança gosto de aventuras, o assunto entradas, bandeiras e moções foram meus temas favoritos nas aulas de historia. Tantos séculos depois ao ver tanta historia naquela cidade, lembrei da busca dos sonhos destes homens e particularmente de um sonho meu. Quando eu morava em Nova York houve um tempo em que estava na duvida se lá ficaria prá sempre ou se retornaria ao Brasil, foi quando recebi uma carta do meu pai que foi definitiva. Papai escrevia muito bem. Fazia analogias, buscava citações de bons autores, e nesta carta lembrava Fernão Dias Paes Leme e o sonho de encontrar esmeraldas. De forma poética e delicada contava a saga do bandeirante que acabou morrendo no meio da mata com um lote de pedras verdes acreditando ter achado esmeraldas, mas eram simples turmalinas. E foi por não me perder nos sonhos que voltei para o Brasil e descobri que as minhas esmeraldas estavam bem mais perto… Andando por Ouro Preto, visitando o Museu da Inconfidência – que museu lindo e tão bem montado !– ,subindo e descendo ladeiras, vou costurando a minha memória de mineira, pelos caminhos que surgirem, com as lembranças que vierem e me sentindo um pouco bandeirante…
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Comentários
Luciene Setta em O REI E EU Paloma Piragibe em Inspirações e referências Analu Neves em Que mulher é essa ? Angela Ghizi Guimarã… em Que mulher é essa ? Marilia Barbosa Nune… em Que mulher é essa ?
Lea ,parece que estou ao seu lado,de tão real eh sua descrição!!!
Adoro ler seu cotidiano!
bjs amiga.
Caramba, Léa, reduzidinha lá no Face, a imagem de Our Preto parecia mesmo um quadro de Guignard… Que beleza de foto, sô!