Fiquei boiando no rio como se nada mais existisse. Na superfície so as pontas dos dedos dos pés, das mãos e o rosto torrando no sol. O resto do corpo entre o flutuar e o ser embalado no silêncio da água tranqüila e macia. Podia ouvir a minha respiração mesmo com os ouvidos tapados. E fui descendo rio abaixo na vazante, levada paela correnteza para o mar, com uma vontade louca de olhar para a margem e saber o quão distante estava do solo firme. E dividida entre os pensamentos de me perceber sem pé, a deriva, fui me deixando levar num misto de medo e prazer. Constato que mesmo as grandes loucuras que fiz não foram vôo cego, usei alguma bússola, tinha algum norte. E neste minutos que não sei quantos foram com as águas do Passui contornando a Barra do Peso a caminho do mar quis me deixar levar irresponsavelmente. Está raso ou está fundo ? Consigo sair nadando ou não tenho mais fôlego ? Cansada de discutir comigo mesma desço a mão e sinto a areia. Quase me afogo em pensamentos por uma bobagem. Quantas vezes fiquei de olhos fechados imaginando monstros que nunca existiram. E a areia estava ali, firme para me apoiar. Tenho mais é que confiar na vida.
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Comentários
Luciene Setta em O REI E EU Paloma Piragibe em Inspirações e referências Analu Neves em Que mulher é essa ? Angela Ghizi Guimarã… em Que mulher é essa ? Marilia Barbosa Nune… em Que mulher é essa ?
coincidências, léa. neeste domingo, mergulhei nas águas nem tão cristalinas da minha paquetá. no cais do parque darke de mattos, bem em frente a brocoió. só que meus calendários já não mais permitem profundidados ou lonjuras. algumas braçadas e etava eu de volta. mas feliz. há uma dezena de anos não mergulhava em paquetá. mergulhei na minha vida. beijos paquetaenses.