“Pede desculpa”
A frase autoritária era tão marcante quanto a “engole este choro”. Mamãe sabia dar ordens e lá ia eu pedir desculpa por ter brigado com os irmãos, respondido atravessado para alguém mais velho ou qualquer outra atitude grosseira. Não fui menina briguenta, pedir desculpa era um processo de educação, respeitar o direito dos outros, limitar espaço e por essa razão não me lembro de uma só vez ter usado esta palavrinha na infancia com sentimento de pesar. Não havia culpa. Era como um arranhão na perna depois da queda de bicicleta. Passava mercúrio cromo e no dia seguinte não tinha mais nada.
No hard feelings, aprendi na maturidade a levar a vida em fogo brando. E aprendi também o sentimento do perdão, a reconhecer o erro por palavras que saíram pela boca sem passar pelo cérebro, rompantes emocionais, atitudes impensadas. Constatar o tropeção, o mau jeito, ajuda a crescer. E quanto entendi o que era perdoar, comecei a me livrar das culpas. Faço o melhor que posso e se tomei uma atitude incorreta, era o que sabia e podia fazer naquele momento. .
Na última década descobri “Um Curso em Milagres”, um livro com quase 1300 paginas composto por 3 partes : texto, exercícios e manual do professor. É um livro cristão que envolve temas espirituais universais. Esse curso é um começo, não um fim e nas primeiras paginas assim se apresenta:
“Nada real pode ser ameaçado.
Nada irreal existe.
Nisso está a paz de Deus.”
Com o curso aprendi a me redimir completamente das culpas. As vezes passo semanas sem folhear suas páginas, mas em diversos momentos difíceis da vida lembro que se não me perdoam eu me perdoo. E quase todas as manhã repito a frase e me aprumo para as revelações do dia.
“Eu estou aqui só para ser verdadeiramente útil.
Eu estou aqui para representar Aquele que me mandou.
Eu não tenho que me preocupar com o que dizer ou o que fazer, porque Aquele Que me enviou me dirigirá.
Eu estou contente em estar aonde quer que Ele deseje, sabendo que Ele vai comigo.
Eu serei curado na medida em que eu permitir que me ensine a curar.”
E a vida ficou mais leve.
Eu me identifiquei muito com esse texto. Demais!
Que esta leveza continue a guiar os seus passos para que outros se tornem mais leves também.