E, como no bolero, “assim se passaram 10 anos…” sem abrir as portas superiores do armário de um apartamento que ficou ocupado por amigos. Não sei se consta no meu mapa astrológico que estou em tempo de colocar tudo em pratos limpos, mas tenho procurado resolver pendências e uma delas significava liberar este armário. Fiz isso e a vida veio abaixo. A princípio pensei que eram só livros e papéis que deveria enviar para o Bernardo em São Paulo. Mas conforme fui abrindo as caixas, objetos que imaginava perdidos surgiram. O álbum de fotografias da viagem à Guarujá aos 7 anos, a pomba azul lembrança de Santiago do Chile, a caixinha de prata presente da VS Escala quando completei a ultima das 10 etapas do programa “Sem Limite” na TV Manchete… Encontrei meu primeiro baralho de tarô dos anos 80, o Pequeno Príncipe com dedicatória datada de 66, significativa lembrança do professor de português que namorei e me “ensinou” a ler e, com isso, a gostar de escrever. Dei um grito ao encontrar o original da mini biografia manuscrita da Maysa, são apenas 4 paginas tamanho A4, dobradas como num pequeno livro, onde resumiu a sua vida. O presentinho da Lali quando parti de Nova York em forma de algumas páginas desenhadas, coladas e “escrituradas” com amor e humor.
Muito da minha vida estava ali. Fotos, cartas, os enfeites da árvore de Natal e a surpreendente caixa com os copos e taças de cristal! Passei a infância olhando estas delicadezas com pequenos desenhos geométricos sem jamais tocar. Não era coisa para criança. Meus pais ganharam no casamento o conjunto completo com todos os tipos de copos, taças e ainda algumas jarras que enfeitavam a cristaleira. Ao lado, ficavam dois potes de frutas em conservas, também presente de casamento. Decidiram abrir as compotas no nascimento do 1º filho, vieram mais 4 e lá estavam os potes… Depois nas bodas de prata, e assim o tempo foi passando. Cresci imaginando o sabor e ao mesmo tempo pensando que as frutas morriam sufocadas com falta de ar. Quando falava sobre isso mamãe dizia: “Tudo tem sua hora”. A hora chegou sem data especial, creio que em alguma boa faxina na cristaleira ou na mudança de móveis, e quando as compotas foram abertas concluiu-se que as tão almejadas frutas em compotas já não prestavan…
Enquanto coloco os “cristais” em uma caixa que seguirá para a Bahia, lembro das compotas e penso em como deixamos objetos e situações guardadas para momentos que nunca chegam. O amanhã pode ser longe demais e quem sabe na hora que acharmos exata descobrimos que as frutas já estão passadas. Como gosto de aproveitar o que a vida oferece de bom, a partir da proxima semana vou usar todos os copos de cristal, mesmo que seja com água de coco.
Adorei Léa!!!! Imagino você, quando achou os manuscritos!!! Deve ter sido emocionante!!! Beijos
Emocionante o seu relato Léa… Faz-nos refletir e concluir que a felicidade é feita de momentos, às vezes de momentos tão pequenos, mas que são extremamente significativos. Adorei, quando chegar quero ir tomar uma água nas taças de Cristal srsrsr .
Um grande beijo amiga querida.
tudo que vc escreve me emociona,hoje vendo essas folhas da Maysa,me emocionei duas vezes ….e vc sabe porque,lembrancas da adolescencia,lembranca da Maysa ,saudades de meu o pai!!!bjs querida ,obrigada por estas emocoes!!!!
“life is too short to drink bad wine” se em santo andre não há vinho há de ser uma boa água de coco que vai preencher as taças.
que venham as taças e detegon nas traças.ficou feio mas passa o conceito!