Como fui parar na Bahia

Um pedaço do quintal de casa

Nos anos 80 meu irmão descobriu Vila de Santo Andre por acaso, assim como Cabral chegou bem alí perto…Estava de férias em Porto Seguro, pegou um carro, foi subindo litoral norte, estrada no mais puro areal e chegou a beira de um rio. Atravessar para o outro lado só com a ajuda de um barqueiro e depois de caminhar no meio do mangue, por estrada de areia embaixo de sol, chegou a uma vila pequena sem luz elétrica nem telefone… Paixão a primeira vista. Com um amigo italiano comprou um terreno, construiu primeiro uma meia água, depois uma casa e mais adiante, pensando em se aposentar (era gerente de banco), fizeram uma sociedade e compraram um terreno para construir uma pousada. Conheci Vila de Santo André em 1993. Meu irmão já tinha a casa e construía a pousada. O progresso chegara com luz elétrica e balsa improvisada. Em dezembro de 94 a Pousada Victor Hugo foi inaugurada com apenas 2 apartamentos e o mais lindo deck debruçado sobre o mar. Eu estava lá testando os serviços num primeiro reveillon acompanhada de 4 amigas. Vida linda e leve até abril de 2001 quando meu irmão descobriu um câncer no pulmão e bastaram apenas 8 meses para tudo mudar. A casa que meu irmão construiu no fundo da pousada ficou como herança para minha mãe, a pousada ficou com o sócio italiano, e durante 3 anos administramos a ausência do Victor e a casa a distância. Em agosto de 2004 depois de quase 1 ano morando em Lisboa trabalhando na equipe do Rock in Rio Lisboa, voltei para o Rio e resolvi me dar como presente um semestre sabático. Fui fazer nada na Bahia, escrever um livro, cuidar da casa que estava abandonada, quem sabe encontrar um comprador já que o uso era esporádico e acabei ficando. Não escrevi ainda o livro, comprei a casa  e consegui montar um esquema de trabalho a distância. Escrevo a metro, faço consultoria por telefone e vivo num outro mundo. Estou a 24km de Porto Seguro com a oferta de 5 vôos diários para São Paulo. Apenas a 1h50 estou na maior cidade da América do Sul mesmo que traga na sola do sapato areia do quintal… A vida em Vila de Santo André na baixa estação é a paz ! Ando na praia, leio, escrevo, tomo café da manhã olhando os passarinhos, mexo nas plantas, vejo as rosas no jardim, um urutau que aparece encarapitado numa árvore, converso com os moradores, dou carona até a balsa (2km), visito e recebo amigos, e o melhor de tudo, sou imensamente feliz…
Ah! Dalce, e tudo isso só por que você perguntou como eu cheguei na Bahia… nos posts abaixo você pode saber mais como ando… Segundo o registro de nascimento com 61 anos mas continuo me sentindo com 30… Fazer o que ?
Em tempo : Vila de Santo André na verdade é um povoado, tem menos de 800 habitantes, e fica no município de Santa Cruz Cabrália.

6 Respostas para “Como fui parar na Bahia

  1. Que maravilha Léa!!! Depois de tantas batalhas , ter este pedaço de céu para voltar é realmente um presente divino!
    Parabéns!! Muito mais felicidades para vc e so seus!!

    Beijocas n’alma

  2. mas q blog mais lindo e eu descobri só agora
    e vc é ótima
    bjão

  3. Valeu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Esperei muito por esse depoimento pois era louco para saber como voc~e tinha descoberto Vila de Santo André.

    Beijaços e amassos

    SAUDADE!!!!

  4. LELECA, QUERIDA
    Tudo é sincronicidade!!!!Principalmente entre os/as que estão juntos há séculos (ainda que aparentemente separados). Só que uns/umas chegam primeiro. E você SEMPRE CHEGOU PRIMEIRO – excrusive nesta vida!!!!Chegou para o Bem!!!!!!!!!!!!!!Cara…pressionante: cê sempre fêz antes o que eu já começava a pensar/precisar, mas ainda estava loooonge de realizar!E estas suas ações, em mim sempre bateram como sinal de que aquilo que eu já desejava ser/fazer podia/devia ser vivido. Pra não falar de passado, no hoje, “um tempo sabático” é o meu maior objetivo…E, novamente, óia lá, vc… anos-luz à frente!!!Inda mais num paraíso, de acesso nada muderno, pra escrever um livro… Do jeitinho do meu figurino!!!!Obrigadão mais outra vez. Por ter vindo na frente a me sinalizar que os novos caminhos são os nossos. LELECA NOVIDADE: êta apelido certeiro!! Que ÓTIMO que a gente se reencontrou. Outra razão pra agradecer ao Fusca – que, aliás, faz 73 dia 11, don´t forget!!!beijãozão, amiga.Dalce

  5. Ola! Tenho resgatado um pouco da minha infância, lendo os seus escritos. Quando ouvimos lembranças dos outros, acabamos por invocar nossos melhores dias. Anos que se foram e que as vezes nos trazem a vontade de voltar e recomeçar. Mas Deus nunca erra, e na nossa complexidade de seres humanos, ficaríamos indo e voltando, tentando consertar o que só o tempo e a experiência nos ensinam. Mas, enfim, acredito que teremos nossa oportunidade de voltar e melhorarmos o que em tantas vidas já vividas, não conseguimos aprender. As vezes falo que “na próxima” quero ser homem, rsrsrs. Isso tudo, do alto dos meus 62 anos, 3 filhos e 7 netos, é mole? Mas lembro da minha prima, que vinha à Curitiba uma ou duas vezes por ano, e contava as novidades do Rio de Janeiro, aliás, foi você quem me contou que já existia TV, sinto saudades…. e leio o que você escreve prá me sentir mais perto de ontem. Beijos Maria Luiza

  6. Que legal Léa, estava eu procurando saber mais sobre Santo André e encontrei seu blog. E seu texto sobre a chegada nste canto. Estamos indo para Santo André de SP, com uma turma de artistas,, vamos apresentar ai Os “Mascarados e Nus”, uma banda multi-artistica, com cançoes , performances , dança, etc….Já temos o local fechado, se te interessar posso checar com meu amigo e te passo, e então voc~e tbm convida seus amigos. Parabéns pelo Blog. Ricardo Henrique – SP

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