Ipanema mais longe de mim

Com Anna Maria Ramalho, amiga querida, fiel ao Jornal do Brasil.


Quando li sobre o fim do Jornal do Brasil impresso achei que era mais uma das noticias relacionadas a crise que se arrasta há alguns anos… Ledo engano era pura verdade… Minha escola como jornalista foi a Bloch, depois a Abril e O Globo, mas confesso que tinha um olho comprido no Jornal do Brasil… Para quem vivia na Tijuca o Jornal do Brasil tinha a cara de Ipanema e este era o sonho de bairro para muitos tijucanos. Não tinha apenas cara de Ipanema, tinha postura, linguagem, estética e para lembrar aqueles bons tempos, tinha um clima “avant gard” … Era um jeito de Brasil inteligente, charmoso, dando nó em pingo d´água em plena ditadura…
Na Bloch e na Abril eu vivia no “mundo das celebridades” e sabia que era considerado um sub jornalismo. Mas lembro o dia em que o Catoira (Edgard),meu editor na revista TV Guia, uma tentativa da Abril em fazer uma revista inteligente sobre televisão, me chamou e disse que o Caban (Henrique) do Globo estava procurando gente com o meu perfil para o Segundo Caderno. Queriam dar mais destaque para o “mundo das celebridades” no caderno de cultura dos intelectuais e seria uma ótima experiência. Eu não podia dizer que preferia o JB e aceitei a proposta. Não me arrependo, vesti a camisa de O Globo literalmente, mas continuei assinando o JB pela vida a fora, com o mesmo olho comprido… Hoje ao ver seus ultimo dias fico muito orgulhosa dos queridos amigos que lá estão e continuam, honrosamente, a exercer o oficio de criar pautas, buscar noticias, escrever matérias, fazer fotos e fechar o jornal todos os dias… E com esse final do JB, sinto que o Rio de Janeiro vai ficando menos charmoso, mais burro e Ipanema cada vez mais longe de mim…

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3 Respostas para “Ipanema mais longe de mim

  1. Realmente, Léa – A crise rola há anos, mas não sentir mais o cheiro do jornal e pegá-lo, sentir por inteiro nas mãos morre um pouco do Rio…
    E um pouco de todo jornalista que sonhava, respeitava, admirava O JB – O JORNAL DO BRASIL!

  2. Leleca,
    Eu entendo perfeitamente o que está dizendo. Eu era da Tijuca e torcia o nariz que só os adolescentes tem quando viam que fulaninho lia o “Globo”, jornal da burguesia e adorava os intelectuais ou pelos menos quem lia o “JB” Mas os anos e o processo político daquela época se incumbiram de diminuir , até no tamanho, o velho e bom JB. ” O Globo” progredia a olhos vistos. Penso que na mesma proporção da juventude dos anos 60/70 e da 80 em diante. Até uns sete, oito anos atrás eu me orgulhava disso. Hoje, sem o JB, sem vislumbrar nenhum horizonte político no qual possa ao menos me enganar só no futuro, eu prefiro nem mesmo comprar nenhum jornal. Emprego melhor meu tempo lendo um bom livro e aqui, lendo suas lindas histórias.
    Nêno

  3. Minha querida, que lindas palavras! E como estamos simpáticas nesta foto, lá no navio do nosso Rei, quando eu representava, como pretendo representar sempre, o nosso amado Jornal do Brasil.

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