O Dia do Padre

A Igreja de Santo André hoje, antes da missa.

No fim da missa, entre os avisos da comunidade e a bênção final, o Padre lembrou que este domingo é o Dia do Padre.  No mesmo instante lembrei do meu pai. Nenhuma analogia pai = padre, mas por ser um sujeito sempre participativo, um dia juntou-se a um grupo para levantar fundos e ajudar a construir a Igreja na Av. Morumbi, no bairro do Brooklin, em São Paulo, onde morávamos. Com seu jeito simpático, ficou amigo de todos os padres que jamais souberam ser ele espiritualista, estudioso de Kardec e preferia receber um passe a uma hóstia. Quando mudamos de São Paulo para o Rio a amizade de papai com o clero do Brooklin permaneceu. Um dia Padre Vicente, pároco da Igreja, telefonou consultando se podíamos hospedá-lo num fim de semana.  Ia à Roma atendendo um convite do Papa, e como naquele tempo os vôos internacionais só saiam do Galeão no Rio de Janeiro, aproveitaria a oportunidade para nos visitar.

Nossa casa era grande, com um entra e sai de hóspedes que até parecia uma pensão. Preocupados com a inusitada visita, papai e mamãe não pouparam recomendações: eu estava proibida de usar shorts, os meninos de circularem sem camisa e a minha irmã mais velha deveria reduzir a maquiagem e não abusar dos decotes. Se o Padre quisesse rezar antes das refeições nós deveríamos seguir a ladainha. E se fôssemos convidados para um terço na hora da Ave Maria deveríamos acompanhar. Nada de brigas, discussões ou palavrões. Imbuídos deste espírito recebemos Padre Vicente.

Ele chegou num fim de tarde, jantou e ficou na varanda do quintal, embaixo da grande mangueira, conversando com papai e tomando vinho. Fomos autorizados a ligar a TV com o volume baixo para não incomodar… O Padre Vicente era um italiano muito culto e politizado, e para papai que era conversador, uma agradável visita. Antes de dormir papai combinou com o padre a programação do dia seguinte: depois do café iríamos passear de carro pela cidade, conhecer as praias de Copacabana, Ipanema e Leblon, encerrando na Barra da Tijuca para comer milho verde e beber água de côco. Avisou aos filhos para vestirem roupas comuns, nada de banho de mar. Mas qual não foi a nossa surpresa na manhã seguinte ao ver o padre chegar na sala de shorts, camisa de mangas curtas, sandálias franciscanas e óculos escuros RayBan. A partir deste momento todas as recomendações foram água abaixo.  O padre sem a batina era muito mais divertido, nem parecia o pároco que temíamos quando crianças. Hoje quando lembrei desse caso, refleti que a vida eclesiástica seria mais divertida se todos fizessem como o Padre Vicente, algumas vezes usassem  shorts e óculos escuros…

……….

E por falar em missa, as que acontecem na Igreja de Santo André são incríveis. Hoje Walli Bush, alemã, que faz uma porção de ações voluntárias na comunidade, com bela voz de soprano, interpretou em seu idioma os cânticos de entrada e ofertório. Não é o máximo !!

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A foto foi feita hoje antes da missa começar. Decoração com plantas nativas…

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2 Respostas para “O Dia do Padre

  1. jorge roberto martins

    Léa, também acho que padre sem batina
    fica mais perto de nós. E dos anjos.
    Beijos,
    Jorge Roberto.

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