Família

Ao assistir pela TV a tragédia no Estado do Rio, pensei nas famílias que acabaram com as chuvas e fui mais além, pensei nas famílias que se desintegram afogadas em copos de água… Sem abalo sísmico nem deslizamento de terra, se deterioram em miudezas e tolas discussões… Escrevo com uma dor profunda no coração com saudades da minha família, das implicâncias quando crianças, dos roubos de bicicleta e do maior pedaço da sobremesa, das conversas nos almoços de domingo, saber o que o outro estava fazendo, aplaudir vitórias, consolar revezes… Do serviço de informações tão bem administrado por mamãe que mesmo com cada filho em um lugar do país – às vezes até do mundo – mantinha a sua rede em dia, trazendo e levando as novidades… Hoje faz um ano que ela partiu, soltou as pontas que nos mantinha unidos e não sei onde foi parar esta grande gargalhada em família… Não sei se qual perda é pior : da família que se foi na chuva ou a que ficou esfacelada no seco… Perdas que só o tempo recupera.

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6 Respostas para “Família

  1. rosana corte real pagura

    Ambas….com a diferenca de que o que se afoga no copo d’agua ,tem a possibilidade de jogar fora a agua ,respirar e comecar de novo….vejo isso em varias familias onde os patriarcas se vao…cabe aos descendente manter a chama acesa,mas a correria da vida nao deixa e esquecemos que o calor humano eh soh o que resta no fim da vida….portanto ,previsamos eh aprender a cultivar amor,nao soh dos amigos,mas dos mais proximos inclusive…. bj

  2. Um ano passa depressa demais, a cada ano o ano dura menos. Perder sempre foi algo rejeitado em nossa cultura, seja um familiar, seja outro tipo de perda. A falta de sua mae, de sua gargalhada, nao se faria notar tanto se voce dissesse a si mesma que ela permanece viva em sua mente. O meu pai se foi ha 5 anos, aproximadamente. A cada dia ele se apresenta de forma mais viva dentro de mim.
    Perdas que podem ser mantidas vivas sao menos dolorosas do que a perda de nossa propria ientidade, de nossa auto-estima e a anulacao interior da chama de vida que nos aquece. Beijo.

  3. Duas fotografias perfeitas, parabéns e obrigada por dividir conosco! Beijo.

  4. Nas tragédias, o universo conspira e faz o plano Divino acontecer para nosso desespero; por despreparo!!
    Na ruptura familiar há uma trama não percebida pelos entes.
    Uma chance dada para um resgate, que pode ser desperdiçada!!
    Que bom, que vez por outra, temos uma segunda chance para aproveitar as benesses que a família nos concede!!
    Acho que são estas boas lembranças que nos dão forças pra seguir adiante.
    Muitas Saudades da Vó!!

    grande bj

  5. Léa, seu texto me emocionou profundamente, com aquela dor no coração que você menciona. Perdí os meus pais há bastante tempo e meu único irmão há 8 anos, meu grande amigo. Acredite, perdê-lo foi cortar todos os fios que a família completa mantinha unidos. Almoços de domingo, Natais e Páscoas – como doem! Nossas crianças crescendo juntas, nossas alegrias, enfim. Descobri que perder um irmão amado e amigo, é perder o principal cúmplice com quem poderemos envelhecer. Ele viveu as mesmas coisas, foi testemunha de tudo o que vivemos na infância e na juventude, até deixarmos a casa paterna. Filhos são outra coisa, filhos não compartilham conosco desse passado. Hoje, meus dois filhos criados e uma neta linda de 3 anos, enchem minha vida de felicidade sim, mas a saudade, a solidão da família de origem, é imensa. Obrigada pelo texto tão lindo, por poder também escrever o meu, enfim, compartilhar com quem entende exatamente o que sinto. Vou passear muito pelo seu blog, que está ótimo. Um beijo! Zelia Prado

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