O mês de maio sempre foi de festas em casa : dia 5 era aniversário da mamãe e no domingo seguinte dia das mães. Este vai ser o segundo ano que a festa acabou, e reencontrei um texto que escrevi no penúltimo encontro que tive com ela… Patético, inesquecível…
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Caminho de casa
Vi o dia nascer no aeroporto de Confins, vejo o dia acabar a caminho do aeroporto do Galeão. Um risco rosado no ceu azul de verão avisto enquanto o carro vai pela Linha Vermelha e sinto o indefectivel cheiro de enxofre, ou de podre, mas que tanto marcaram minha saídas e chegadas do Rio.
Não sei expressar como estou. Ou sou muito forte ou tão fragil que me escondo em um personagem. Talvez em algum momento eu desabe. Estou exausta. Sai de casa no sul da Bahia, atravessei na balsa de 1 da manhã, peguei um voô às 3h30 para BH, depois outro às 7h40 para o Rio, depois até as 14hs com minha irmã para a visita na UTI e encontrar mamãe dormindo.
“Não mamãe, isso não. Acorde só um pouquinho pra me ver.” O corpo magrinho coberto por avental. Onde estão as lindas camisolas que papai presenteava e sempre repetia a mesma piada : “pedi para a vendedora experimentar para ver se ficava bem”. Esse era o maximo de insinuação de sensualidade que ouvi em casa. E hoje mamãe esta envolta em panos. Os braços presos a cama transpiram muito. Estranho, só os braços, como se um liquido em forma de suor fosse saindo do corpo apesar do frio do ar condicionado. As mãos estão inchadas com as tantas picadas para injetar soro. Penalizada com a cena rezo em silêncio implorando para mamãe acordar. Ela não escuta. Insisto mais um pouco, agora chamando quase que em seu ouvido e aos poucos vai despertando. Vejo na máquina sob a cama que aumentam muito os numeros marcando o batimento cardiaco ao me ver. Desculpe interromper seu sono, mas filhos querem sempre atençao e eu não poderia voltar pra casa sem falar algumas coisas. Lucida ela presta atenção às graças que falo. Posso ate ouvir sua voz dizendo ” uma palhaça” seguido de um risinho curto. Mamãe nunca foi de exteriorizar sentimentos. Continuo falando, meus irmãos falam tambem, fazem sinais e ela se mexe na cama querendo sentar. Ainda não dá mamãe. O enfermeiro avisa que o tempo da visita esta acabando. Ainda faço uma prece em voz alta. Dou um beijo e ela balbucia : Deus te abençoe. Eu respondo : Deus te abençoe tambem, eu te amo.
Volto pra casa e ja não sei quando nos veremos de novo. Por enquanto mamãe ficamos combinado que vamos nos ver qualquer dia. Não mais no Natal nem no seu aniversário, nem no Dia das Mães…
Não sei expressar como estou. Ou sou muito forte ou tão fragil que me escondo em um personagem. Talvez em algum momento eu desabe. Estou exausta. Sai de casa no sul da Bahia, atravessei na balsa de 1 da manhã, peguei um voô às 3h30 para BH, depois outro às 7h40 para o Rio, depois até as 14hs com minha irmã para a visita na UTI e encontrar mamãe dormindo.
“Não mamãe, isso não. Acorde só um pouquinho pra me ver.” O corpo magrinho coberto por avental. Onde estão as lindas camisolas que papai presenteava e sempre repetia a mesma piada : “pedi para a vendedora experimentar para ver se ficava bem”. Esse era o maximo de insinuação de sensualidade que ouvi em casa. E hoje mamãe esta envolta em panos. Os braços presos a cama transpiram muito. Estranho, só os braços, como se um liquido em forma de suor fosse saindo do corpo apesar do frio do ar condicionado. As mãos estão inchadas com as tantas picadas para injetar soro. Penalizada com a cena rezo em silêncio implorando para mamãe acordar. Ela não escuta. Insisto mais um pouco, agora chamando quase que em seu ouvido e aos poucos vai despertando. Vejo na máquina sob a cama que aumentam muito os numeros marcando o batimento cardiaco ao me ver. Desculpe interromper seu sono, mas filhos querem sempre atençao e eu não poderia voltar pra casa sem falar algumas coisas. Lucida ela presta atenção às graças que falo. Posso ate ouvir sua voz dizendo ” uma palhaça” seguido de um risinho curto. Mamãe nunca foi de exteriorizar sentimentos. Continuo falando, meus irmãos falam tambem, fazem sinais e ela se mexe na cama querendo sentar. Ainda não dá mamãe. O enfermeiro avisa que o tempo da visita esta acabando. Ainda faço uma prece em voz alta. Dou um beijo e ela balbucia : Deus te abençoe. Eu respondo : Deus te abençoe tambem, eu te amo.
Volto pra casa e ja não sei quando nos veremos de novo. Por enquanto mamãe ficamos combinado que vamos nos ver qualquer dia. Não mais no Natal nem no seu aniversário, nem no Dia das Mães…
A gente se vê. Sempre.
Beijos.
Lea,
Levei 35 anos para te reencontrar………..e num dia magico, isto aconteceu…..
Ah! o que seria da vida sem os encontros e reencontros…
Minha mae, foi para o ceu, num 07/05……..
Saudades,
Wilma