Procuro um amigo bem humorado, afetuoso, sensível à arte, sempre com muitas histórias prá contar… Ele tem paladar sofisticado, sabe silenciar na hora certa, é capaz de esquecer o tempo passar olhando alguma paisagem pela janela, encaracolando os cabelos e refletindo sobre a vida. Um sonhador. Apaixonado por novos projetos, repleto de idéias que expressa com um brilho nos olhos como se tivesse descoberto o caminho para as Índias.
Este amigo querido abriu a sua casa em New York para me receber “pelo tempo que quiser”. Foi ele quem me ensinou a andar pelas ruas de Manhattan, os caminhos do metrô, me levou aos lugares mais charmosos, aos museus, me apresentou aos subúrbios e foi a primeira pessoa a me mostrar nos anos 80 um computador na vitrine de uma loja na 6ª. Avenida.
No tempo do Beco das Garrafas ele era iluminador dos shows nas pequenas boates. Dizem que o termo “bicão” foi inspirado nele que colocava “um bico de luz” para dar mais brilho ao artista no palco. Não havia produtor, mas ele era um faz tudo, ficava em volta ajudando os artistas. Foi assim que conheceu pessoas incríveis e entre essas, Elis Regina, de quem se tornou grande amigo. Em janeiro de 82 eu estava em sua casa e no café da manhã ele contou que sonhara com “a baixinha”, como a chamava. A noite quando voltou do trabalho comentou que havia telefonado para o Brasil, mas so conseguira falar com Rogério, irmão da cantora. No dia seguinte acordei com o telefone tocando, era um amigo avisando sobre a morte de Elis.
O meu amigo aprendeu inglês lendo revistas e capas dos antigos LPs com um dicionário ao lado. Selecionava meia dúzia de palavras por dia e ficava decorando. Desde o final dos anos 70 vivia na ponta aérea com os Estados Unidos. Foi ele quem levou Leny Andrade para cantar pela primeira vez no Blue Note em Nova York, o que gerou uma crítica deslumbrante no The New York Times… Lembro que ficamos uma madrugada andando por Manhattan, passando de bar em bar, esperando a hora de ir para a porta do jornal comprar o primeiro exemplar e nos deliciar com os comentários elogiosos à diva Leny que hoje tem lugar garantido em todos os palcos do mundo…
Com ele compartilhei muitas gargalhadas, choramos de tanto rir… Com ele me debulhei em lágrimas de tristeza e saudades de amores mal sucedidos. Ai Zé, por onde você anda ? Quem tiver notícias de José Luiz de Oliveira, ou simplesmente Zé Luiz, sou grata…Dos amigos não abro mão…
Lea, conheci o Zé Luiz lá no Village, apresentado pela Leny. Início dos 80. Parecia amigo das antigas. Grande figura. Tambem não sei dele. Quando você estiver com ele, e e estará, abrace-o por mim.
Beijos.