Passa das 6 da tarde e a última restia de luz do dia ilumina o jardim. Relembro o telefonema que fiz a poucas horas para uma amiga que declarou não querer mais trabalhar. Esta deprimida. Tudo o que era bom na sua vida se tornou massacrante, cansativo. Ela so quer ficar quieta, mesmo sem saber como se manter se não trabalhar.
Tenho acompanhado algumas amigas que estão chegando ou recém passando dos 60 com dificuldades de encarar as mudanças. Sou rápida nas contas das idades dos que estão a minha volta e as vezes me surpreendo quando vejo tantos conhecidos setentões em atividade. Também deve ter sido difícil pra eles passar por esta mudança que ainda não me abalou. Claro que tudo esta alterado, mas sobrevivo. A “maturecência”, assim podíamos chamar a “adolescência da maturidade”, é delicada. Os seios não surgem, murcham. Os pelos somem, o corpo ganha um contorno mais pesado independente dos quilos, e ainda tem as rugas, os cabelos brancos e tudo que mais se conhece.
Acredito que a grande vitoria neste processo é conseguir tirar o foco do próprio umbigo, não se vitimar. Nem sempre o tempo traz soluções, mas nos dá um conhecimento, uma certa tranquilidade de olhar ate mesmo o envelhecimento externo com carinho, ja que o coração é eternamente jovem.
Mas é preciso vigiar o pensamento, ele pode ser traiçoeiro, levar para uma viagem de tristeza e envelhecer vai ser um peso insuportável de superar. E aí nem a luz do fim do dia se vê no jardim.
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Comentários
Luciene Setta em O REI E EU Paloma Piragibe em Inspirações e referências Analu Neves em Que mulher é essa ? Angela Ghizi Guimarã… em Que mulher é essa ? Marilia Barbosa Nune… em Que mulher é essa ?
a luz estará acesa. sempre.
beijos.
Realmente quando se pensa na velhice, muitas vezes queremos deixar de lutar, mas ai vem o medo da morte e nossa vida é movida por um turbilhão de ameaça, que nos empurra por caminhos que nem mesmo sabemos trilhar.
fim de tarde bom para refletir sobre o que fisemos no dia as atitudes erradas que tomamos na quele dia