Sem máscara

Ele chegou em 2005, era pleno verão. O aeroporto estava com um enorme movimento e as crianças enlouqueceram quando o viram.  Xico era uma pequena bola de pelúcia e se transformou no mais lindo cão de Vila de Santo André. Além de lindo, é um santo. Aceita remédios, obedece todos os comandos e desfila com elegância seus pelos dourados, não fosse ele um autêntico Golden Retriever… Sempre se viu assim, até que hoje, diante de um horrível fungo, por ordem expressa do veterinário foi tosado. Fiquei um bom tempo olhando a cena da tosa, os pelos dourados caindo e imaginando como é passar por uma situação tão delicada ao ponto de despir de qualquer vaidade… Mais que a vaidade, encarar a fragilidade. O animal não deve ter este sentimento, mas foi apenas o fio que faltava para puxar a linha de um assunto que está em mim desde ontem quando assisti as entrevistas no Fantástico do fotografo Palê Zuppani, e dos atores Drica Moraes e o Gianecchini, superando desafios.

A vida escorre rápida, como água na peneira. Acompanhei uma vida se desnudando e lembro particularmente de uma cena ao chegar num hospital. O médico de plantão ao fazer a ficha perguntou ao meu irmão quantos quilos ele pesava e ouviu como resposta: “já fui fortinho”. Ele estava humilhado ao constatar o seu estado físico comprometido, e é este frase que me leva sempre a pensar em quantas coisas já fomos, quantas coisas acreditamos que somos, e tudo pode acabar num estalar de dedos.

Outro dia Anna Ramalho, uma amiga querida, comentou no FB “saudades de nós”. Eu também tenho saudades de nós. Gosto muito de lembrar por onde passei e saber que posso ter outros momentos também divertidíssimos como os bons tempos de um Rio de Janeiro com Chico´s Bar que tinha ao piano Edson Frederico onde nós cantávamos desafinadamente no fim de noite. Afinal são  mais de 30 anos que estamos juntas rindo pela vida,  fazendo pouco até das nossas mazelas. Qualquer hora a cena acontece de novo, talvez com menos whisky e nenhum cigarro, mas com a mesma essência da amizade e alegria.

Creio que quando tiramos as máscaras, os cabelos, enfim, quando percebemos o quanto a vida é passageira, só ficam as doces recordações, como estas.  Elas jamais partem, ficam prá sempre na alma.

Nas fotos : em cima Xico e Akira, embaixo, ele tosado voltando prá casa com Guinho.

4 Respostas para “Sem máscara

  1. Querida, ternas e adoráveis lembranças. Saudade de nós, mas saudade boa, saudade do muito que vivemos e só isso já é balanço positivo. É vida! Xico tá lindo, mesmo tosado. Um beijo nele e outro enorme pra você.

  2. Uau ta com muito mais vitalidade!!! Novos tempos!! Bjks

  3. Aguenta coração!!!!

  4. “quem é rei,,,nunca perde a majestade…” com pelo ou sem pelo Xico continua fofo e elegante…adoro…beijão, querida

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