No início dos anos 90, sem redes sociais, a telefonia celular engatinhando e raros computadores, fazer assessoria de imprensa era um trabalho manual. A DC Set Promoções, leia-se Dody Sirena/Cicão Chies, traziam para o Brasil praticamente todos os grandes shows internacionais. Eles já estavam no showbusiness há muitos anos. Começaram nos anos 70 em Porto Alegre, no auge das discotecas, fazendo “bailinhos” em clubes, mas tinham alcançado uma posição onde podiam escolher quem contratar para turnês nacionais. Donna Summer junto com John Travolta era uma boa lembranças do início da carreira. Fizeram festas e dançaram muito ao som de sua música. Por isso, quando um agente americano comunicou que ela estava voltando aos palcos depois de um período de relativo ostracismo por conta de uma briga entre gravadoras, eles resolveram contratá-la.
Em 1992 vivíamos anos de rockn´roll. O Rock in Rio no ano anterior ainda estava fresco na memória e a produção também, realizada pela empresa gaúcha. Com tudo isso, nadando na maré contrária, caberia ao marketing da empresa colocar na mídia Donna Summer, a artista quase esquecida. Seu último disco fora lançado em 1983, estava fora das paradas, mas era a eterna diva da disco music. E foi exatamente este o gancho que utilizamos para recolocar a moça nas páginas dos jornais e revistas, em execução nas rádios, com grande estardalhaço. Eu tinha o propósito de emplacar uma grande matéria e consegui uma bela capa no caderno Ilustrada da Folha de São Paulo. A matéria não podia ser mais favorável. Além de fotos, vinha ilustrada com elementos ícones da disco music como a enorme bola de espelhos dos salões das discotecas e uma viagem ao tempo no figurino Dancing Days. Esta reportagem foi o estopim para colocar Donna Summer no seu posto de estrela. Alicerçada por uma grande campanha em anúncios de página inteira nos principais jornais e mídia nas rádios, os ingressos esgotaram para todos os espetáculos. Lembro bem dos seus olhos com lentes de contato azuladas gravando uma entrevista exclusiva para o Fantástico no Hotel Sheraton no Rio, e sua energia no palco com o vestido preto com bustier bordado e saia rodada com pedrinhas de strass. E é claro que lembro o sucesso dos shows no Olympia em São Paulo, no Metropolitan no Rio e no Gigantinho lotado em Porto Alegre. Um dos elementos do espetáculo que servia como cenário era uma cortina de veludo azul escuro com pequenas luzes que piscavam dando a impressão de noite estrelada . O material era tão sofisticado e o resultado tão deslumbrante que a DC Set comprou esta cortina e anos depois foi cenário de shows de um grande artista nacional. Donna seguiu com suas estrelas no céu… Last dance…