Julio Iglesias na Globo

Não aguento mais ouvir Julio Iglesias. Jamais pensei que fosse chegar a esta situação. Tenho a coleção completa dos seus CDs, não adquiri, mas ganhei por razões profissionais. Trabalhei com ele algumas vezes, a primeira em pleno Plano Collor, quando a DC Set organizou uma super turnê no Brasil e o conheci como um profissional que sabia tudo na relação com público e imprensa. Viajamos em seu jatinho para Recife levando 3 jornalistas completamente extasiados com a proximidade com o artista e a sofisticação do avião. Ao entrar no jatinho, uma linda cesta de couro recebia os sapatos. Dentro da aeronave só andávamos de meias. Os detalhes cromados (cinzeiros, maçanetas, etc e tal) eram banhados a ouro. Mantas de cashmira para nos proteger do frio do ar condicionado, só para ter uma ideia do luxo ! Seguimos primeiro para Recife. Como Julio era Embaixador da Unicef, organizamos um encontro com Dom Helder Câmara, no alto da Sé de Olinda. O dia estava deslumbrante. A cena dos dois, artista e religioso, caminhando com o belo cenário da cidade histórica e a conversa sobre as diferenças do mundo foi ao ar no Jornal Nacional. O show em Recife foi uma loucura. Os jornalistas voltaram para o Rio e nós seguimos para Aracaju onde vi uma plateia diferente. Num calor incrível, beirando aos 40 graus, o público chegou com traje de gala. As mulheres de vestido longo, com muitos bordados, cabelos cheios de spray. Os homens de paletó e gravata. Tudo isso contrastava com o local, uma casa de espetáculos comum. Julio entrou no palco, cantou a primeira, a segunda música e a plateia não se mexia. Nenhum aplauso. Ele parou o show e num “portunhol” disse que achava que as pessoas não estavam gostando de suas canções. Que sairia do palco e quando voltasse queria todos cantando e dançando com ele… E foi o que aconteceu… A plateia foi ao delírio! Na saída perguntei à algumas mulheres por que ficaram em silencio e as respostas foram muito parecidas : não sabiam como se portar no show de um artista internacional, temiam atrapalhar a apresentação…

Bom, assim como esta, tenho outras tantas boas historias com ele, mas no momento estou tomando um “chá” de Julio Iglesias. A Som Livre está me levando a loucura com a quantidade de comerciais do Box “Minha Historia” com 3 CDs e 1 DVD que dispara em quase todos os intervalos da programação da Globo. Só quem tem TV com antena parabólica sabe do que estou falando. Há alguns anos, nos intervalos dos programas da Globo não entravam os comerciais das repetidoras regionais, só os nacionais, ou seja, dos patrocinadores dos programas. Quando não tínhamos esses comerciais ficávamos sem nenhuma imagem, só a tela preta com um chiado… Mas a Globo espertamente criou uma forma de ocupar este espaço que varia entre a venda de produtos da Som Livre a da Globo Marcas, e pequenos programetes feitos pelas emissoras afiliadas mostrando as belezas do Brasil. No início de cada mês chegam as novidades da Som Livre e sei que durante 30 dias ficarei ouvindo nos intervalos da novela e do Jornal Nacional os lançamentos de compilações reunindo “o melhor de Odair José, Benito di Paula, Wando e Fernando Mendes”; muita música gospel e duplas sertanejas que jamais ouvi falar, André Rieu com sua orquestra, Eduardo Lages ao piano, e por aí vai… Normalmente estes “pacotes” duram um mês, mas Julio Iglesias superou todas as expectativas. Há dois meses o Box Minha Historia é campeão de exibição. Não aguento mais ouvir “Bambolêo…. bambolêaaaaa….” Não sei se esta insistência significa grande aceitação ao produto ou uma forma de liberar o encalhe… Prá mim, por um bom tempo, Julio Iglesias está de castigo. Fora da pick up, do cd player e do Ipod, sobrevive apenas nas velhas lembranças…

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