As noticias que escuto sobre a seca no sudoeste baiano gritam aos meus ouvidos em contraste com a profusão de verde no jardim. Estamos num Estado com enorme diversidade ambiental. Enquanto rios, lagoas e poços secam por lá, saio com o facão e o serrote conduzindo o Guinho na poda das árvores. Revendo fotos de quando aqui cheguei, constato que uma “pequena” floresta cresceu em minha volta. E são nestes tempos de inverno em que o sol precisa fazer força para chegar que vou pedindo licença e abrindo caminho entre a vegetação.
Tenho aprendido muito sobre árvores e plantas da região, traço um paralelo destes ensinamentos com a vida. Em um momento em que precisei pensar na privacidade, plantei pândaros. Nada se assemelha ao personagem da mitologia grega, mas aqui denominam uma vegetação com grandes folhas espinhosas que vai crescendo e se sustentando por raízes externas. Fica bem alto, não dá flor nem fruto e nem os passarinhos fazem ninho em suas folhas. Só serve mesmo para deixar o terreno menos exposto. Assim como o pândaro, hoje não quero mais ter por perto pessoas que só querem ocupar espaço. Amizade é mão dupla. Acredito que deixei as árvores fecharem o jardim como um desejo interior de silencio, quietude e reflexão sobre a vida… Um semestre que está acabando, enterro as decepções… Está sendo difícil virar a página… Corto as árvores, fora pândaros, quero um novo tempo com sol e luz…
Que lindo texto! Como é possível aprender da observação, do olhar atento, do deixar o tempo nos mostrar toda diversidade de paisagem que nos cerca e em nós vive. Às vezes o silêncio é o que nos falta , o aconchego das palavras não desperdiçadas ou jogadas inconsequentemente ao vento. O silencio é, às vezes, tudo o que precisamos para ouvir os pássaros e ventos que nos habitam. Mas, uma vez este silencio tenha aberto espaços será preciso então voltar o olhar para o céu azul, para as cores, para as nuvens, as aguas dos rios, riachos e chuva. A transição é sempre difícil, temos uma tendência humana de encontrar zonas de conforto onde nos aninhamos e muitas vezes por ficarmos um pouco desatentas (ou aparentemente confortáveis demais) não percebemos quando este estado deixa de ser tão “gostoso” assim. Como existem as estações precisamos deixar as estações existirem em nós.
Lea obrigada porque mesmo a distancia, sua amizade se manifesta no prazer de te ler, nas reflexões que provocas e no diálogo que é possível para além dos quilômetros e sem uso de qualquer operadora de telefonia. Beijos e mais uma vez OBRIGADA.
É LÉA…. HÁ UM BOM TEMPO FIZ UMA PODA NO MEU JARDIM…SELECIONEI PLANTAS E HOJE TROCAMOS SEMENTES…VIMOS VÁRIAS E VÁRIAS GERMINAREM …DAREM FRUTOS E QUE FRUTOS…E NO MEIO DISSO TUDO O SILÊNCIO…O SILÊNCIO DA CRIATIVIDADE… O SILÊNCIO DE VIVER O SONHO…O MEU SONHO.
BEIJÃO PAIXÃO. SAUDADE.
FIQUE COM DEUS SEMPRE.
TIÃO D’ÁVILLA
E a luz chegará! O primeiro passo foi dado com a intenção de….. Beijos
Bonito! Você sempre consegue transmitir paz interior, que pode se reverter em reflexões mais profundas. Como é bom.
Abração.