Ebulição

Foto : Cláudia Schembri

Resolvi processar diferente e fazer coisas que só estavam nos pensamentos. Sinto tal qual um formigueiro em fase de “correção”* transferindo ideias e sonhos de um lado para o outro, como fazem as formigas ao mudar de casa. Elas seguem em fila, às vezes atravessam áreas enormes até encontrar o que consideram seu espaço. Não sei se isto ocorre em alguma época específica ou em condições climáticas especiais, mas sinto que meus pensamentos estão fazendo uma trajetória parecida, buscando novos lugares dentro de mim.  Em alguns momentos brincam como num jogo das cadeiras disputando um lugar para sentar. Alguém sempre cai fora, o funil vai apertando, e como em toda disputa, que vença o melhor. Com isso concluo que nem sempre ideias antigas merecem ter espaço.

Estou em plena ebulição. É um processo tão interessante e para aliviar a agitação mental faço atividades fora do cotidiano. Tenho feito muito pão. Não amasso a farinha nem coloco prá descansar. É tudo na máquina, mas nem por isso sou uma “padeira” menos eficiente. Tenho saído pelas poucas ruas da vila a pé ou de bicicleta, visito amigos, releio livros antigos que foram importantes em momentos de reflexão e até mudei o escritório de lugar…   Agora vejo de um ponto mais alto as árvores e o jardim. Meu horizonte foi ampliado. Só uma questão de saber o que vislumbrar.

Com isso lembrei de uma metáfora que o Dr. Lair Ribeiro utiliza em seus cursos quando fala sobre o limite de cada um. Conta que nos circos criam os elefantes preso a uma corda. Crescem sem saber de sua força nem do seu tamanho. E mesmo quando são soltos não vão longe. Andam apenas no limite do picadeiro para as suas exibições. Às vezes reflito se amarrei a minha corda em uma das árvores do quintal, se não restringi o meu picadeiro, mas ao contrário do elefante fui  muito mais bicho solto. Não sei prá onde vou, posso até nem sair do lugar.  Mas sei que todos os caminhos são experiências ricas e algo está mudando dentro de mim.

* correção =  aprendi na Bahia que assim chamam o movimento das formigas mudando de lugar

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Uma resposta para “Ebulição

  1. Se a corda foi curta, não perceberam que é elástica.
    Quanta admiração você me provoca! Talvez, até um certo orgulho: fez, faz e vai deixando sua marca de pessoa grande, daquelas com quem ninguém se mete a incauto.
    E eu conheço, ó… Há uns quarenta anos!
    Muito beijo!

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