Procurando o titulo de eleitor e no clima de expectativa da eleição, a memória me levou a exatamente um dia igual a este, na cidade do Rio de Janeiro, há 12 anos. Eu fazia parte da equipe que preparava a volta do Rock in Rio em 2001, um mega e esperado evento. A cidade tinha como prefeito Luiz Paulo Conde, arquiteto e urbanista premiado, apoiador do festival tendo inclusive participado da coletiva de lançamento. A Artplan, empresa organizadora, era completamente PFL, partido do Conde e também do Rubem Medina, deputado federal e irmão do criador do festival, Roberto Medina. Conde se preparava para reeleição, mas tinha que enfrentar Cesar Maia. Importante voltar um pouco mais no tempo : Conde entrou na política em 1993 pelas mãos de Cesar ao ser nomeado Secretário de Urbanismo e o conheci nesta época. Eu também fazia parte da equipe, era Assessora de Eventos, cargo com estrutura de Secretaria. Cesar admirava tanto Conde que em 1996 o elegeu seu substituto, pois visava o Governo do Estado na eleição de 98. Pouco depois Conde rompeu com Cesar e às vésperas da eleição de 2000 eram inimigos ferrenhos, cada um puxando para o seu lado.
Roberto Medina e todo o PFL davam como favas contadas a reeleição de Conde. Mas por questões de respeito e boas relações políticas, quando aconteceu o lançamento do festival, Medina pediu que eu levasse o projeto ao conhecimento de Cesar. E assim o fiz num encontro como sempre simpático, em seu escritório na Rua Voluntários da Pátria em Botafogo. Cesar ouviu atentamente, elogiou a ousadia, a determinação do empresário e se despediu com a seguinte frase.
“Diga ao Medina para tratar você muito bem, pois dia 1º de janeiro eu serei prefeito desta cidade e você será de novo autoridade”.
Claro que não repeti a frase com a mesma ênfase. Faltando uns 15 dias para a eleição, almoçando com Medina, ouvi suas explicações de que não havia possibilidade de Cesar se eleger tal o número de intenções de votos que as pesquisas apontavam para Conde. Contestei, mas os números que ele apresentava eram quase que incontestáveis. Ele sabia muito bem do lado que eu estava e a forma discreta como conduzia esse assunto. Não coloquei adesivo no carro, não vesti camiseta, tudo para não criar constrangimento com a equipe da qual eu fazia parte e era totalmente Conde. No dia da eleição, estava em casa quando a televisão mostrou os primeiros resultados da vitória de Cesar e o rádio Nextel chamou. Do outro lado a frase lacônica de Medina acompanhada de boas risadas “não falo mais com você… você é uma bruxa…”
Claro que voltamos a nos falar e me coube ser a intermediária das conversas entre equipes Rock in Rio e da nova administração. Para fazer um festival daquele tamanho nos primeiros dias do ano seguinte era preciso uma relação muito firme com o gestor da cidade. O festival foi um sucesso. Optei por não voltar à política, aceitei a proposta de Medina em fazer parte da sua empresa de eventos, a Dream Factory, que nasceu após o Rock in Rio 2001. Boas lembranças, já posso ir votar.
Gracas a Deus existem pessoas como vc que nao perdem a memoria!!!
atualmente o que mais se ve e’ memoria seletiva.!!!!
Saude e paz a todos do Rock e a vc por continuar em nossos coracoes , apesar de Santo Andre ter tirado vc das nossas vizinhancas fisicas.
assinado :- A mae do Rock in Rio
bjkas carinhosas sempre