A casa na Rua Candido Gafrée na Urca, proxima a TV Tupi, tinha dois andares, nos fundos um quintal com uma linda mangueira, a garagem e mais um cômodo. Era ali que se produzia o Programa Flávio Cavalcanti, o “Senhor das Noites de Domingo”, campeão de audiência, polêmico, revelador de talentos e onde os grandes artistas nacionais e internacionais de apresentavam.
A sala que eu dividia com Gilda Muller ficava no andar superior, dava fundos para a bela mangueira no quintal e vista para a garagem transformada em sala de produção musical onde Carminha Mascarenhas recebia os candidatos a Grande Chance, um quadro do programa que revelava novos cantores. Uma manhã estava trabalhando quando ouvi uma voz linda. Cheguei à janela para ver quem cantava e foi aí que conheci Emílio Santiago. Ele arrasou no ensaio e no palco! Em pouco tempo estava cantando nas melhores casas da noite carioca e minha vida foi seguida por sua trilha musical. Muitos amores e desamores ao som de sua voz.
Em 1994 a DC Set criou uma agencia de artistas seguindo modelo das internacionais e fui convidada a fazer parte deste projeto. Eram 10 artistas, entre eles Emilio Santiago. Não era só uma grande voz, mas um artista que sabia muito bem o que queria e pedia com elegância. Humor fino, excelente companhia. Tive o privilégio não só de trabalhar com ele mas escrever o livreto de uma caixa com o melhor de sua coleção de “Aquarelas”. Deixei ali o meu testemunho sobre suas qualidades de intérprete, deixo aqui o agradecimento por ter convivido com um artista por excelência… Sua voz ainda vai me acompanhar ao longo da vida. Descanse em paz.
Uma grande lembrança de quem foi talvez o maior crooner vivo até ontem.
Querida Lea, suas palavras doces e verdadeiras ,só abrilhantam mais sua essência.