
Tenho me permitido dias livres, como jamais pensei… É um grande esforço me entregar ao ócio. Vou aprendendo aos poucos, quando consigo ficar algumas horas na rede sem me convocar para alguma tarefa … Tarefas que ninguém me exige, eu me imponho, que variam de fazer bonecas, bordar e costurar colchas, escanear fotos, até resolver questões complexas da comunidade onde moro e sair feito Dom Quixote contra os moinhos de vento…
No exercício do fazer apenas para mim, sem qualquer obrigação, tenho encontrado ótima companhia nas séries da TV… E foi assim que em dois dias chuvosos me dei ao luxo de maratonar “Maid”, uma nova série do canal Netflix que me valeu como ótimas sessões de terapia. Voltei ao tempo em que morei nos Estados Unidos com um filho pequeno… Não trabalhei como empregada doméstica, mas fui a minha própria “maid” limpando, lavando e passando, uma rotina que aprendi no grito… Não precisei contar com o suporte financeiro do governo, apesar de ter um social security, o cpf local que mantenho até hoje, mas tinha a culpa de estar como mãe solo e imigrante… Assim como Alex, a protagonista, eu também tive uma “Regina” na vida, uma amiga fundamental que me ajudou a desenrolar trâmites legais e burocráticos, generosa ao ponto de abrir o seu armário e me fazer vestir como uma americana, me integrar na sociedade…
“Maid” me fez lembrar os 30 minutos que andava na neve até a estação de trem, as moedas contadas para o mercado, a vendas dos anéis para comprar uma árvore de Natal e roupas de inverno…
“Maid” me fez lembrar os sapos que engoli e cuspi todos, um a um, no final da série tomando um copo de vinho… Sem culpa, sem engolir o choro… Deixei derramar livremente, bem mais feliz comigo, que estou aprendendo a colocar limites ao que não me convém e a dizer sim para mim…
Sempre bom ler suas palavras.
Sempre aprendendo com você. Ainda não consigo me entregar ao ócio. Mas um dia chego lá.
Amei a Sinopse parafrasada pela tua crônica de vida.
Vou assistir e quem sabe também limpo algumas cascas de feridas secas sem precisar do divã do analista.
Autoterapia nos fortalece. Quanto mais nos conhecemos mais donos de nossas vidas nos tornamos.
Gratidão por compartilhares as tuas vivência.
Abraços