
Os tempos estão estranhos… Não falo de política, mas como a natureza está se expressando .. Depois de tanta chuva em novembro e dezembro, o outono chegou mais cedo com a profusão de folhas das árvores cobrindo o jardim da minha casa… Mas não é uma questão pessoal das folhas comigo… A mangueira linda na casa de amigas simplesmente ficou pelada em poucos dias e precisaram cortar seus galhos. Doeu no coração ver a árvore frondosa se despindo. Hoje é um monumento abstrato no jardim e todos os dias as proprietárias buscam esperançosas uma folhinha nascendo…. Uma árvore também se derramou no meu jardim e um lindo coqueiro cica foi coberto por fungo, necessitando de uma poda radical. Estou tratando o que sobrou, quem sabe se regenera… Ando pelo jardim fazendo croc croc nas folhas, nem tenho mais espaço na composteira para tantas ….
Semana passada tropecei num vaso de plantas recém colocado na calçada em volta da minha casa. Desde então, de forma mais profunda do que simplesmente algo estético ou o imaginário da cantiga de roda onde Terezinha “de uma queda foi ao chão”, tenho refletido o que devo retirar do caminho. A vida dá sinais quando algo não vai bem, assim como a natureza. Sem folhas para me despir, me resta o teclado de um computador e uma tela para rever minha trajetória. Acho que é tempo…
Começo aqui o que não sei ainda aonde vai dar, quem sabe num livro…
Que belo texto.