Bem que os mapas feitos pela Graça Medeiros e por minha irmã avisavam que este seria um bom tempo para reflexões, inspirações e escrita… Nem precisavam olhar o trânsito planetário, bastavam sugerir que abrisse a caixa de cartas e certamente eu entraria neste movimento … 28 anos depois releio as 13 cartas que você me escreveu nos mais de 2 anos que morei em Nova York e isso provoca um turbilhão de saudades junto com a revisão da minha trajetória… Creio que nenhum psicanalista ou qualquer outro terapeuta teria a capacidade de tocar tão fundo na minha essência como estas cartas. Posso rever uma parte da minha vida através dos seus comentários, do que eu representava para você e como as minhas atitudes eram percebidas pelos amigos… E quem falava de mim era você, Edna Savaget, a pessoa que eu queria ser igualzinha quando fosse grande…
Você falava da minha coragem em “largar tudo e ir morar em Nova York sem falar inglês e com um filho embaixo do braço”, mas nunca me senti assim… Hoje acredito que o que me impulsionava era um desapego do que se chama de matéria e querer mesmo ser feliz na base do custe o que custar… Começar de novo, dar a volta por cima, todas estas frases entram como luva na minha história… Usei as armas que tinha, e sempre que fugi acabei me encontrando…
A sua amorosidade em me chamar de Leóca (só você me chamava assim !!) e seu louvor ao meu destemor, hoje me tocam profundamente… Nas folhas de papel cor de rosa (algumas de seda…) datilografadas em espaço 1 trazem também suas reflexões. Sou grata por ter partilhado comigo os momentos profundos e delicados da sua vida… Você também me trazia o que era o Brasil no início dos anos 80, com sua clara posição política, injuriada com os maus tratos que davam à cultura e vamos combinar que pouco mudou… Sou grata também por todas as noticias que enviava dos meios “artísticos lítero sociais”, seu humor e verve sempre foram implacáveis… E entre os agradecimentos,não tenho como retribuir todas as velas que você acendeu por mim junto a Escrava Anastácia na Igreja de São Benedito pedindo para tudo dar certo… E não é que deu? …
Não consigo lembrar a sua partida em 1988, sumiu da minha memória este detalhe… Talvez por você sempre estar perto com as cartas que me acompanham há tantos anos guardadas com o maior amor…Agradeço a sua amizade e a oportunidade de você ter estado em minha vida. Já sou grande, mas ainda não sou uma Edna Savaget…
Um beijo grande desta sua amiga
Leóca
Em tempo :ainda não encontrei a sua foto, mas fica a da capa do seu livro…
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Comentários
Luciene Setta em O REI E EU Paloma Piragibe em Inspirações e referências Analu Neves em Que mulher é essa ? Angela Ghizi Guimarã… em Que mulher é essa ? Marilia Barbosa Nune… em Que mulher é essa ?
Leleca, querida:
Lindo e sensível o seu texto sobre a Edna. A tua cara. E como me lembro da mudança para Nova York!
Beijos, querida
Leleca querida
deu saudade mesmo das nossas sextas feiras na rádio nacional…
bons tempos…
mas poder revirar esse baú é uma dádiva!
beijos
fuks
Léa minha querida, é um prazer viajar no seu baú…passou um filme na minha cabeça, revi os programas da Edna Savaget…e lendo os comentários vejo que estou em muito boa companhia, dois mestres, a nossa Ramalho e o Moysés que tanto me ajudou na vida nos meus tempos de divulgadora, bem antes de me tornar uma assessora de imprensa:)
Beijos saudosos…
Leoca, pedindo emprestado o apelido que a minha mãe lhe dava. Fui testemunha, involuntária e voluntária, do carinho que ela sentia por você. Você queria ser a Edna Savaget quando crescesse e ela, quem sabe, ter a coragem e que sempre teve de viver. Viver sempre. Um beijo Luciana
Lindo, lindo! Me emocionei ao lembrar da minha tia avo, pena que nao tive tempo de curtir todo esta lado incrível que sei que ela tinha, mas quem sabe um dia… Marcella Savaget
Respondi ao seu email e vim conferir o enderêço que vc deixou. Que bom que todas as respostas às minhas perguntas estão aqui com um “plus’ de saber de pessoas que gosto muito desde muito tempo, especialmente e própria Edna.
Aproveitei para ler seus posts mais recentes e digo que gosto muito de seu estilo de escrever. Gosto muito de você e vc sabe disso. beijo, minha querida, boa estada em casa.
Lindo o que voce escreveu, apesar de nao lhe conhecer, mas sim conheci pessoalmente a Edna Savaget ela era uma pessoa incrível, não só ela como a mãe dela também a Dona Carmen, aliás toda a sua família Savaget, inclusive eu era muito amiga do Coronel Savaget o seu irmão. bjs
Ines