Ele perdeu a cabeça. Não sei se foi por conta do grito da cigarra, ou o vento na madrugada que derrubou muitos galhos secos no quintal, ou até o insistente latido dos cães atrás de algum animal. Mas a noite foi intensa e alguma coisa fez com que perdesse a cabeça. Talvez tenha visto um dia deslumbrante nascer com tantos tons vermelhos depois da chuva durante muitas semanas, ou se assustado com as luzes do jardim que se apagaram, cronometradamente, às 5horas depois da instalação de um pequeno timer para economizar energia… Ainda pode ser que se encantou com as rúculas que voltaram a crescer na horta, o tomateiro que floriu e o volume imenso de pés de salsa, hortelã e manjericão que proliferam no quintal. A verdade dos fatos é que aconteceu um movimento estranho, quem sabe o cheiro forte da maresia, o barulho das ondas batendo na praia, ou até um pesadelo em meio a bons sonhos, mas foi algo sério. Pois quando o dia nasceu e saí pelo jardim fazendo preces, agradecendo a vida, repetindo mantras, encontrei pousado na grama um Sanhaço azul sem cabeça…Não vou entrar em detalhes sobre a cena triste do pequeno corpo com as penas ainda brilhantes… Mas as formigas ao redor faziam a festa… Assim é a vida, nada se perde, tudo se transforma….
- Follow Léa Penteado on WordPress.com
Comentários
Luciene Setta em O REI E EU Paloma Piragibe em Inspirações e referências Analu Neves em Que mulher é essa ? Angela Ghizi Guimarã… em Que mulher é essa ? Marilia Barbosa Nune… em Que mulher é essa ?