1994

World Economic Forum em Davos? Eu fui em 1994…

Não para ver Shimon Peres e YasserArafat subindo de mãos dados no palco do Congresso nem para discussões dos foruns econômicos e políticos. Naquele ano Davos se transformara na “Cúpula das Cúpulas”, com encontros paralelos informais entre líderes de organização de negócios, líderes regionais, mídia líderes, personalidades culturais, prefeitos globais e líderes globais para amanhã, reunindo mais de 1000 pessoas, o que fez com que estabelecessem que este fato não mais se repetiria…

Cesar Maia, então prefeito do Rio de Janeiro, fora convidado a participar do encontro dos prefeitos globais  que reuniria 20 cidades dispostas a apresentar projetos de um evento para celebrar a virada do milênio, que aconteceria a partir de 1996…O Rio fora a única cidade brasileira a participar e, se não me falha a memória, a única da América do Sul.  Um juri formado por técnicos mundiais capitaneados por Quincy Jones, escolheria 5 cidades que teriam os eventos patrocinados pelo Banco Mundial.  Como Assessora de Eventos da prefeitura, quando o convite chegou ao prefeito, fui chamada para criar este projeto e premiada com o reforço luxuoso do jornalista, diretor de TV e multi mídia Macedo Miranda Filho, que havia participado da campanha do prefeito e era um show de criatividade… Fizemos uma dupla e tanto, criamos uma série de eventos que aconteceriam em toda a cidade durante 30 dias precedendo a virada para o ano 2000. Todas as regiões ganhariam destaque, o projeto ganhou um vídeo e uma revista em inglês apresentando a cidade e a proposta.

Duas semanas antes viagem para Davos o prefeito avisou que estava com outros compromissos e a apresentação ficaria por minha conta.  Pânico total. Eu conhecia o projeto em todos os detalhes, afinal tinha construído com o Macedinho, mas daí fazer apresentação em inglês havia uma certa distância… Contratei um professor e todos os dias praticava inglês com foco na apresentação que teria duração de 30 minutos. Os ouvintes seriam um um juri de notáveis e os representantes de 19 cidades que também disputavam a primazia de ter um evento patrocinado pelo Banco Mundial e com a assinatura do World Economic Forum… Como companheiro de viagem me foi designado o ex-Ministro Marcílio Marques Moreira, sub-secretário para Políticas Públicas da Prefeitura, um diplomata de carreira, um gentleman. Como sabia da admiração do super maestro e compositor Quincy Jones por alguns artistas brasileiros, coloquei na mala cds para agradar a fera.

Chegamos em Zurique na manhã de sábado e o carro que nos levaria a percorrer menos de 150 kms até Davos era blindado. Não tínhamos tanto prestigio, mas como Yasser Arafat por questões de segurança preferiu ir de helicóptero, nos foi cedido o que fora reservado para ele. Um belo caminho entre montanhas branquinhas. Três invernos morando em Nova York vi muita neve, mas nada se comparava…  Nesta noite assisti ao emocionante encontro Arafat com Perez frente uma plateia em delírio. Na agenda de domingo tinha o dia livre e um jantar de gala com os participantes do encontro de prefeitos. Na segunda-feira pela manhã seria a apresentação do projeto. Voltei do jantar me sentindo mal, e o estado piorou durante a madrugada. Certamente o camarão do vol-au-vent servido como entrada estava com defeito. Uma noite trágica, às 8 da manhã já estava andando na rua repleta de neve em busca de uma farmácia. Cheguei para a apresentação medicada e à base de chá de erva doce…

Não sei de onde tirei forças, mas eu não tinha viajado mais de 9 mil quilômetros para ficar passando mal num quarto de hotel. Fiz o melhor que pude! Os astros colaboraram, os anjos disseram amém, o inglês soou perfeito, distribuí a revista sobre o Rio de Janeiro e os cds para o maestro que ficou encantado. Voltei para o quarto do hotel com febre e passei a noite suando e delirando. No dia seguinte retornei para Zurique aonde tomaria o voo para o Rio e estava passando muito mal. Não perdi a pose, não deixei o ex-ministro Marcílio perceber, e ainda conheci a cidade, almocei talharim na manteiga num restaurante superelegante e ao embarcar, senti o quanto estava fraca… Viajei sozinha e desmaiei à bordo. Desci no Rio e uma ambulância me levou direto para o hospital onde foi diagnosticado um processo de envenenamento alimentar. O remédio que eu tinha tomado em lugar de liberar o alimento ruim, simplesmente estancou. Um susto…. Recuperada, semanas depois chegou o resultado: Rio de Janeiro ficara entre as cinco escolhidas… 

Valeu o esforço!

Em tempo: os eventos não aconteceram por falta de patrocínio…

Sobre meu parceiro de projeto Macedo Miranda Jr, um pouco da sua trajetória,  numa homenagem póstuma:

Filho do escritor Macedo Miranda, foi o mais jovem repórter especial do Jornal do Brasil, promoção que conseguiu antes de completar 20 anos de idade. Com passagens pela Editora Abril e Bloch , criou e dirigiu diversos programas na Rede Globo como o Fantástico e o Globo Repórter.

Foi responsável por dirigir o primeiro Rock in Rio em 1985. Através de sua produtora – Arte & Fato – inovou, não somente na narrativa e linguagem, mas também na estética de diversos programas de televisão.

Construiu no bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, a sede para sua empresa que trazia para a época a mais avançada tecnologia e condições inigualáveis para produção independente audiovisual.

Comandou diversas campanhas políticas, reconhecidas como inovadoras na área de marketing político televisivo, sendo responsável por inúmeras campanhas, entre outras, de Aureliano Chaves para a Presidência da República, de César Maia e Conde para prefeitura da cidade do Rio de Janeiro (estas últimas vitoriosas)

Publicidade

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s